terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cuidado, você também pode ficar mal na foto...

Eu já postei aqui a foto da Nicole Kidman com o rosto cheio de pó. Mas dessa vez, foi a Uma Thurman que escorregou na farinha.


Enfim, foi desvandado o mistério das atrizes com os narizes cheios de pó, graças a Lia Camargo e seu divertido blog sobre futilidades essenciais:

http://justlia.mtv.uol.com.br/2010/10/maquiagem-que-deixa-a-cara-branca-nas-fotos/


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Segundo Turno - Mesmo torcendo o nariz...

Me filiei ao PT assim que completei dezesseis anos. Fazia parte de um núcleo de bairro (Laranjeiras) e do movimento estudantil secundarista. Era uma militância apaixonada...

Na primeira eleição pra presidente, fiz um acordo em família e fiquei seis meses sem estudar, me dedicando exclusivamente à campanha. Meus argumentos foram corroborados pelo fato do curso normal só ser reaberto no semestre seguinte. Foi um período muito intenso... Fazíamos camisetas, costurávamos bandeiras, colávamos cartazes... Tinham as festas no Lagoinha e os bailes no salão da Galeria dos Empregados no Comércio. Acordávamos às cinco da manhã para panfletar no metrô do Largo do Machado e o sono era espantado pela esperaça de ver um metalúrgico no poder. Nessa época, peguei carona com o Chico Buarque e cheguei a ser detida na Polícia Federal duas vezes. A eleição foi perdida, mas o sonho continuou...

Completei o curso normal, pois acreditava que a educação era um caminho de transformação social e ingressei na faculdade de Direito já sabendo que iria abraçar o Direito do Trabalho. Fiz cursos de formação política e formação de líderes. Passei tardes em reuniões de leitura do "Capital" e participei de seminários de conjuntura quando o muro caiu. Agradeço ao PT pelas minhas escolhas. Não ao PT de hoje, mas ao PT das décadas de 80 e 90.

Continuei como eleitora do PT e do Lula até 2004, quando me desfiliei do partido. Em 2006, votei em Heloisa Helena e de lá pra cá venho me aproximando do PSOL, embora não tenha me filiado. Em 03 de outubro, votei no Plínio e vibrei com a notícia de que haveria um segundo turno. Mas e agora? Não sou do tipo que anula voto nem vota em branco... Não sou do tipo que vota no PSDB... E agora????

Faço minhas as palavras do Raphael Tsavkko:

http://turcoluis.blogspot.com/2010/10/analise-sobre-o-psol-e-o-segundo-turno.html

Análise sobre o PSOL e o segundo turno presidencial
Raphael Tsavkko

Dilma ficou no quase, Serra foi além do esperado, Marina surpreendeu e Plínio decepcionou.
Dilma foi vítima da imprensa golpista e da incessante criação de factóides, e também de suas mudanças de discurso. Marina conseguiu uma façanha, juntou de maconheiros à hypes, de filhinhos de papai do Leblon-Jardins e evangélicos fundamentalistas.
Plínio, por outro lado, perdeu votos para Marina, especialmente entre a juventude e, ainda mais, perdeu votos dentre os de esquerda que preferiam enterrar Serra do que aguentar um segundo turno, que promete ser absolutamente sujo.

Mas, agora, precisamos pensar adiante. O que fazer no segundo turno?

As demonstrações de superação de seu sectarismo infantil, em algumas esferas do PSOL, podem não ser suficientes para que isto se transforme em um apoio à Dilma no segundo turno, ou mesmo ao Agnelo no Distrito Federal e assim por diante. Imagino que, internamente, Heloísa Helena, ferida, esteja se mexendo para garantir uma neutralidade por parte do partido, neutralidade esta que significa dar vantagem aos fanáticos evangélicos e ao DemoTucanato.

É hora de unificar as esquerdas e buscar puxar o discurso de Dilma, ou ao menos suas práticas numa possível vitória, para a esquerda.

Obviamente enfrenta-se um dilema moral. Muitos no PT dão como certa a migração dos votos da Esquerda (PSOL, PSTU, PCB) para o PT. É um erro tático muito grave. Os votos do PSOL até podem, na maioria, migrar, mas PSTU e PCB tem um público diferente e, mesmo pequenos, cada voto contará em um segundo turno apertado.

Para o segundo turno contam esses votos: mais da metade concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do DF, onde ela ficou em primeiro lugar. Qualquer que seja a decisão de apoio no segundo turno – a convocação de assembléias
para definir deve confirmar a tendência a abstenção, tornando mais difícil a operação política da direção de apoiar Serra -, esse eleitorado se orientará, em grande medida, não pela decisão partidária, ficando disponível para os outros candidatos. Em 2006, nem o PSol conseguiu que seus votos deixassem de ir para outros candidatos, desobedecendo a orientação do voto em branco.

Estamos diante de uma campanha suja, difícil, baixa, e se a esquerda abandonar o PT ao PMDB de mãos beijadas, veremos barbaridades acontecendo. Às vezes é necessário pragmatismo, responsabilidade.

Não digo um apoio automático, programático. Mas é preciso se fazer uma critica imensa internamente e compreender que, talvez, apenas se colocar contra Serra não seja suficiente. Puxar voto nulo pode ser não só insuficiente, como pode ajudar as forças de direita.

Sou o primeiro a criticar o PT e o governo na sua falta de comprometimento com diversos pontos importantes ao movimento social. Não só não houve Reforma Agrária - nem sequer um ensaio - como a idéia parece ter sido abandonada pelo partido num provável novo governo.

Isto é condenável e vergonhoso. Mas é igualmente condenável e vergonhoso o papo de que PT e PSDB são iguais. De fato ficarão mais parecidos enquanto a Esquerda permitir que o PMDB se aproxime mais e mais, enquanto fizer uma oposição inconsequente em mitos casos.

É através dos movimentos sociais que se compõe a luta, mas também no parlamento. Abandonar o PT ao PMDB e até mesmo permitir que Serra ameace seriamente em conjunto com a Onda Verde que em sua grande maioria é uma Onda Azul, é extremamente inconsequente.

O apoio deve ser crítico. Deve-se deixar claras as inúmeras discordâncias, mas unir o possível pelo bem comum, pela manutenção de alguma esperança e contra a substituição pelo que representa o atraso religioso com a intransigência e sanha privatista e intolerante.

Acredito que é impossível uma aliança plena entre PT e PSOL. Alguns pontos podem ser debatidos, mas outros não são passíveis de contemporização. De um lado acredito que o PSOL possa abrandar as críticas a alguns programas como Bolsa Família, ProUni e etc, ou ao menos centrar as críticas e torná-las produtivas, por outro lado, questões como Reforma Agrária e Urbana não são passíveis de qualquer contemporização.

Mas, mesmo assim, acredito que, mesmo criticamente, um apoio, possa aproximar os setores da esquerda do PT com o PSOL e outros partidos de esquerda que queiram compor e até mesmo possa fortalecer os movimentos sociais.

Ouvi comentários de que o PT não hesitaria em apoiar o PSOL se a situação fosse inversa. Justo. Mas não nos esqueçamos de que quem abandonou diversas bandeiras históricas foi o PT. O PSOL as manteve, logo, seria muito mais simples para o PT apenas resgatar seu passado que o PSOL abandonar seu presente.

Chamar pelo voto nulo ou abstenção é um tiro no pé que inviabilizaria todas as conquistas e superações de sectarismo por parte do PSOL. Apoiar abertamente a Dilma talvez desagradasse aos setores mais radicais do partido e, por fim, se opor ferrenhamente ao Serra e deixar o voto livre aos filiados e militantes poderia ser um meio-termo mais aceitável.

Devemos, pois, aguardar e torcer.




Ainda que torcendo o nariz...