segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Isso passa...


Hoje eu não consegui ver leveza em quase nada... E a Via Láctea de um Renato Russo deprimido e doente, tocou alto em todos os alto-falantes da redondeza. Eu já sou moça crescida e sei que é só por hoje e que amanhã estarei bem. Assisti Perdas e Danos e sei que pessoas sofridas são perigosas, pois elas sabem que irão sobreviver. Eu sei...

Hoje a vida se revelou muito frágil... A gente não se dá conta de como o tempo é cruel, tornando as pessoas, esboços deturpados dos sonhos, dos planos.  E vai indo... A gente vai se transformando em algo muito distante do que visualizava. Como se chegasse um tufão alterando toda a rota.

Dia dos Pais.
E lá estava ele, na hora combinada, camisa estranha, um pouco descosturada do lado. Disse estar ali desde às dez, embora o combinado fosse meio-dia e meia. Disse que tinha acabado de comer uma fatia de torta de banana, embora o combinado fosse almoçarmos juntos. Disse tantas coisas... Tantas coisas não ditas...

Será que ele sonhou ser o homem que é hoje? Traços de senilidade são cada vez mais latentes. Vem chegando sintomas de Alzaimer e já não consigo ver nenhum sinal de alegria em seus olhos. O que faz um homem se sentir realizado na vida? Não tenho a resposta, mas sei que meu pai está longe de qualquer sensação de realização.

Me sinto fracassada por ele, me sinto responsável por ele. Ser filha única é pesado...
Mas é só por hoje...

 

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Quer saber?



A dor de garganta me acompanha há umas três semanas. Dias piores, outros melhores. Mas ela está lá, me olhando de lado, me mostrando suas garras... Cataflan, Nimesulida, propólis, geléia real, equinácea, chá de gengibre, leite quente com mel, limão com alho, canja de mãe com receita de vó... Ela resiste, e vai me rondando, como um predador, babando ao ver a presa. Ela é silenciosa, não causa febres, nem infecções... É discreta...

Recorro à metafísica da saúde e descubro que a dor de garganta recorrente representa dificuldade de se expor e aborrecimentos quanto à própria conduta. Li que quando não conseguimos falar o que sentimos, disparamos o gatilho somático da garganta.

Segundo esses "doidos" que relacionam os males do corpo aos males da alma, as dores de garganta expressam sentimentos contrariados. Tudo aquilo que bloqueia a nossa fala e nos obriga a "engolir sapos". É a simbolização do pensamento: "Já que não posso falar o que quero, não falo mais".

O chakra da garganta regula a capacidade de expressão de sentimentos profundos e íntimos, de opiniões pessoais e de pensamentos. É através deste chakra, que transmitimos nossas percepções do mundo, da realidade, das ideias, dos desejos, do conhecimento e das emoções.

Ora, logo eu, tão articulada, acostumada a fazer sustentação oral em tribunal, tão dona de si nas questões profissionais que envolvem oratória, tendo crise de dificuldade de expressão? Confesso que faz tempo que não ligo o botão do "quer saber?" e saio disparando o que penso. Acho que por preguiça ou por efeito etário, fui ficando mais "ostra", mais silenciosa. Mais dissimulada, talvez...

Hoje um amigo disse que gostava de mim, pois eu era leve. Realmente, eu tenho tentado levar a vida com leveza. Mas agora questiono se o preço da leveza são as palavras reprimidas, os sentimentos anulados, as emoções contidas...

Quer saber? Leveza, vai se fuder!!!!!

"O resfriado escorre quando o corpo não chora. 
dor de garganta dói quando não é possível comunicar as aflições. 
estômago arde quando as raivas não conseguem sair. 
diabetes invade quando a solidão amarga. 
corpo engorda quando a insatisfação aperta. 
dor de cabeça deprime quando as dúvidas aumentam. 
coração desiste quando o sentido da vida parece terminar. 
alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável. 
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas. 
peito aperta quando o orgulho escraviza
coração enfarta quando chega a ingratidão. 
pressão sobe quando o medo aprisiona. 
As neuroses paralisam quando a "criança interna" tiraniza. 
febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade."